Faltavam dez minutos para o meio
dia e Teresina era mais um sol a brilhar. Maria estava na parada, esperando.
Chegara cinco minutos atrasada e sentiu a vida adiar mais trinta. O sangue
ferveu e já não era o calor. Maria era metódica. E se o dia começava errado não
terminaria melhor. O que faz uma pessoa na parada a não ser esperar? Olhou em
volta e viu que não era a única. Alguns inclusive pareciam estar a muito tempo
ali. E isso não a reconfortava. Nada reconforta a perda, pensava. “O todo sem a
parte não é o todo”. Sua mente funcionava sem parar em momentos de espera. Era
uma forma de preencher o vazio. Lembrou das vezes em que esperou em vão. O que
espera a pessoa que espera? Se de início pareceu calma, do meio pro final era
pura angústia. E nesse aguardar passa a vida. Não gostava da resignação. Queria
a ação. Mesmo que não fosse de todo ativa. Muitos esperam a solução vir de
fora, pensou. Olhou para o lado e viu seu ônibus dobrar a esquina. Chegaria
meia hora atrasada para encontrar seu amigo. Mas nada que ele não pudesse
esperar.
Por: Nadja Lopes
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